segunda-feira, 26 de abril de 2010

Despedida




Você era sol e eu queria luz. Era chuva e eu precisava de água. Éramos começo, novidade. O primeiro doce do pacote, a primeira mordida de uma boca com fome. E eu era faminta. Saboreava a vida como um tempero exótico. Eu era a cega que voltava a ver, e você era a primeira tonalidade. Enfim, éramos um doce. Um doce problema. Porque o problema de toda novidade é que o novo tem validade.

Não importa o quanto o sentimento seja legítimo: se é novo, uma hora fica velho. Com o tempo, cria artrites, os ossos enfraquecem, e como nas pessoas, o coração falha. Às vezes entope, às vezes corre. Mas tem vezes que pára. Hoje eu quis entender porque é que o meu desacelerou. Se era antes capaz de parar o tempo, decretar a paz e jurar estabilidade, hoje negou a si mesmo. Não porque era superficial, nem porque não aguentou o tranco. Sinceramente, eu nem sei bem o por quê. Só sei que hoje eu quis um pouco mais de mim e um pouco menos de você.

Não sei se chamo isso de fracasso, vulnerabilidade ou se é só uma lição pra me fazer te dar valor quando tudo não parecer mais tão seguro. Sou vulnerável às mudanças do tempo e não tenho imunidade contra o desinteresse. Ninguém tem. Ninguém que teve um brinquedo, uma música favorita ou um sentimento extraordinário saberia eternizar o impulso do início. A insatisfação, muitas vezes, é o que faz as coisas andarem. E desta vez, ela me faz andar para um lado contrário ao teu.

Por mais que a contraditória aqui seja eu. Ou que as palavras tão firmes de antes hoje pareçam poeira. Se até a dona natureza, que é sábia, tem mudanças de estações, eu - que sei tão pouco de tudo - acho que também posso ter. E posso criar meu próprio tsunami se bem entender. Correndo o risco sim, de parecer volúvel. Mas nunca me entregando à mediocridade que é viver com um coração resignado. Ou de oferecer amor em um tom apagado.

Adeus!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Sentir"



Há um tempo, eu respondi um teste na internet. Teste das cores. Apareciam algumas bolas coloridas na tela e eu precisava cliclar nelas em ordem de gosto. Salvei o resultado. Incrível como cabe perfeitamente no meu perfil. Uma das afirmações foi: “É facilmente afetado pelo ambiente e predisposto a abalar-se pelas emoções dos outros”. Totalmente eu. E eu quero escrever sobre as pessoas absolverem mais ou menos sentimentos alheios.

Minha filosofia, um tanto quanto involuntária, é a de retribuir. Hoje dificilmente serei grossa com alguém que me trate bem – a não ser que haja influência hormonal. Muito menos simpática com alguém que me encare com desgosto. O que eu recebo, absorvo e devolvo. Simples. Bom às vezes. Ruim em outras.

Uma palavra mal dita, um cumprimento desviado ou esnobismo exagerado podem me apagar um sorriso do rosto. Em compensação, um bom acontecimento ou receber palavras bonitas podem me fazer passar um dia inteiro feliz.

Existem pessoas que percebem sentimentos externos e conseguem rebatê-los sem tomá-los para si. Algumas delas se tornam frias. Eu poderia tentar isso. Mas ”sentir” ainda é uma característica que eu acho necessária para viver. O segredo pode ser procurar uma flor bonita no meio do caminho logo cedo.

Fórmula (in)certa!!!



Às vezes reclamamos das fórmulas de física, falamos que são complicadas, que são difíceis e para decorar até criamos frases: S=S0 + VT, vira S0rVeTe.
Mas imagine se para tudo na vida tivesse uma fórmula ou uma forma de medir, será que seria interessante? Transportando-me para um mundo com esse novo padrão, vejo com seria engraçado dizer “quero 500g de amor" ou então “eu não sou feliz por não ter decorado a fórmula da felicidade", os psicólogos seriam matemáticos e os psiquiatras iriam indicar uma cartilha ou tabuada, em vez de receitar remédios.
Se para tudo tivesse uma fórmula, talvez a magia de estar sempre sem saber o que pode acontece se perderia rapidamente. Nem sempre as fórmulas respondem todas as questões.
Nem todas as repostas tem suas fórmulas já feitas. Em alguns casos temos que cria-las e talvez ela só seja usada com êxito em nossas vidas, Einstein já dizia "tudo depende do referencial". E o que percebo é que a cada um procura sua forma do seu jeito a partir de suas referências. Certo de que um dia encontrarei alguém que se encaixe na minha perfeita fórmula (ou não).
Exigente eu?
Imagina...
...vou é cantar... \o/



"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

(Clarice Lispector)